Wednesday, November 21, 2018

Esquerda Direita

A Esquerda tomou conta do discurso público. Controla-o por processos lobistas para propagar a sua influência política, de forma organizada, persistente e subreptícia. Alain Benoist (Vue de Droite, 1981) revela que, desde final do séc XIX, a Esquerda internacional tomou conta e a iniciativa do debate público das ideias políticas controlando para o efeito a comunicação social e os seus intervenientes. 

Ao mesmo tempo a Direita, desarticulada e desprovida da organização corporativa da Esquerda, mais não tem feito do que remeter-se ao papel reactivo, de forma pontual e sempre submissa às temáticas induzidas pela Esquerda. 

O que resulta desta realidade é que a Direita verdadeiramente não tem voz activa: desde logo porque se limita a "reagir" em segundo plano, e ainda porque não tem tomado a iniciativa para introduzir à discussão pública quaisquer temas de acordo com a sua perspectiva das prioridades e valores. 
Resumindo, "candeia que vai à frente alumia duas vezes" e é isso que a Esquerda internacional tem vindo a fazer, com muito mestria e engenho, há mais de um século. 

Para quem queira sedimentar o assunto e desenvolver algum "awareness" pessoal ou partilhado, convém recordar que o controlo da opinião pública e dos media é um dos 3 pilares para implantação da revolução trostskita: "controlo dos media, controlo dos transportes, controlo da inteligência nacional (leia-se professores, escolas e universidades)". 

Esta é uma realidade que não esmoreceu, que continua a ser implementada activamente nos países comunistas ou de referência comunista, como são os "modelos socialistas da actualidade". 

Jorge

Monday, September 28, 2009

Ode ao amor (intangível)

(É o autor da impressionante obra que, dilacerado pelo génio e pela incompreeensão dos seus contemporâneos, escreve:)

"Nem a escultura nem a pintura podem apaziguar uma alma incendiada do amor divino que, para nos abraçar, abre os seus braços na cruz" (sic)
Miguel Angelo Buonarrotti.

Friday, May 22, 2009

Surreal

Um facho de sol por entre a tormenta,
Um verde rebento na terra queimada,
Um vidro translúcido nos escolhos da derrocada,
Um pássaro que pia na cidade tresloucada,
Um gesto de ternura entre gente adormecida
Um assomo de amor numa causa perdida.

Sol, rebento, translúcido, …ternura
é aí que eu vivo:
num pequeno lugar, lá longe

Jorge

Friday, January 04, 2008

Optimista...

São dez (da noite). É preciso ir comprar cigarros. A primeira sensação é de desconforto, já que lá fora está um frio de rachar.
Mas... tudo bem: agasalho-me, um cachecol e o sobretudo, e parto para esse breve percurso. Na verdade sabe-me bem esticar as pernas um pouco, sentir na cara o frio da noite, para cumprir aquilo que é já um hábito rotineiro e, afinal, bem vindo. Percorro as mesmas calçadas, dobro as mesmas esquinas e vou-me deixando embeber pelas luzes das montras, dos faróis de uns poucos de carros, ouço os meus passos isolados na rua, sabendo que, em minutos, vou franquear aquela porta e sentir o cheiro do café e o calor da conversa dos “habitués”.
Pelo caminho, apenas por um breve instante, assolam-me aquelas memórias da agitação que em Bruxelas, Colónia ou Berlim, se vive ainda à mesma hora. Reajo. Não... não vamos cair outra vez na mesma lamúria de sempre. Estamos em Lisboa, que raio!... e Lisboa é assim mesmo.
Levado pelo suave prazer da rotina dirijo-me à porta da pastelaria Sylvia, uma das poucas abertas na Avenida a esta hora. Ao empurrar a porta sinto o primeiro choque. O café está vazio. Própriamente vazio não, mas quase: atrás do balcão o “patrão”, absorvido, limpa o balcão; uma senhora pede uma informação e sai; as cadeiras empilhadas anunciam o fecho; e, pior, o cheiro do detergente substituiu o do café. Só a televisão cumpre os passos da rotina, cúmplice mas obediente, prestes a ser calada por um simples gesto do dono.
Peço os cigarros. A escolha de um chocolate justifica um pequeno prolongamento da visita. O patrão, solícito, corresponde comentando “o estado das coisas, que está tudo muito mal, que já hoje comprou o jornal mais caro, o preço do pão que também já subiu, etc”, tudo a propósito da carantonha de um senhor do governo que, por um instante, passou pelo ecrã da TV.
Ali fiquei por uns minutos, ouvindo-o, fazendo um ou outro comentário e, imbuido daquele espírito solidário-optimista-mas-não-conformista que nos fortalece a alma e o coração, fui dizendo “que sim senhor, que é tudo verdade, mas que estamos no início do ano e que, se calhar, ainda poderemos assistir a algumas melhorias”. Enfim, aquelas observações que, por cortesia, aligeiram o peso das queixas mas também servem e restauram o espírito optimista e a alegria de viver.
Durante a curta conversa fui abrindo o maço de cigarros, retirei um cigarro que, apagado, mantive entre os dedos enquanto conversávamos, até que o patrão me recordou que ”agora, aqui já não se pode fumar”... Segundo choque! Mas para este,na verdade, eu já estava preparado. Pois não se tem falado noutra coisa!
O terceiro choque, esse sim, o mais contundente, foi quando dei por mim já NA RUA, desolado, a acender o cigarro após uma rápida saudação ao “patrão”, e com uma frustrante sensação de animal acossado.
Que raio! É que, afinal, estamos em Lisboa. Em Lisboa de Portugal.

Saturday, October 21, 2006

Coice no artelho!

Blague alentejana: "Maria, traz a candeia, que a mula deu um coice e não sei se foi em mim ou se na parede...!"

Ontem dei um coice no artelho! Parti tudo e magoei-me a sério. Ele é o trabalho diário, mais a roda da carroça que encravou, mais o patrão que é exigente, já para não falar das picadelas das moscas, um tormento dias a fio, e ainda aquela ânsia de chegar ao fim do dia e comer a forragenzita, em descanso, a ouvir o meu vizinho canário.
Apanhei o canário a jeito! Ao primeiro pio, ainda a pensar na picadeira, dei um coice na gaiola e o meu amigo canário, com aquele canto que me embala e aquele amarelo das penas que dá côr á minha cinzente existência, fugiu, a voar pela janela, deixando-me estarrecido a pensar em como será a minha próxima ceia.
Desesperado, não me apercebi sequer que dei um coice no próprio artelho!!

Máxima da avó Jenny

Mais importante do que querer ter sempre razão é querer ser feliz!

Saturday, October 14, 2006

A Mula é um animal híbrido. Não tem aquela imagem digna do cavalo ou sequer a felicidade de poder reproduzir como o burro, que também tem raça.
A Mula não é exibida em feiras e certames nem trocada por volumosas quantias. Não tem, tão pouco, a sorte de figurar em todos os presépios, de ter transportado a Senhora Virgem com a sua preciosa carga, ou de ser um "pet" de estimação no jardim de uma qualquer casa abastada, qual flamingo de loiça para exibir aos convidados que se quer impressionar.
Mas a Mula tem um lugar entre todos nós. Durante muito tempo foi, e entre alguns ainda é, um indispensável instrumento de trabalho e de transporte do "pão" de muita gente, mesmo se sempre reservada para os trabalhos mais pesados e menos dignos, trabalhando de sol-a-sol, recolhida nos fundos com a carroça e os arados. Por isso, quando a mula escoiceia é porque as exigências foram demasiadas e os seus limites ultrapassados.
O coice da mula é, assim, um aviso ao dono num abençoado apelo à sua consciência para que ele não deixe de pensar no dia de amanhã...contando com a preciosa Mula!

Este blog destina-se a registar os coices de mula - chocantes, irónicos, duros, surpreendentes -. Registado o coice também aceitamos comentários ao estado da "lavoura".

Jorge